segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

muita coisa

que dia é hoje? nem sei... os dias são tão longos e ao mesmo tempo passam tão rápido! parece que estou aqui há um mês. parece que eu moro aqui, que a minha vida nunca foi outra.

não que eu esteja 100% super entregue e desfrutando de tudo... ainda muita dificuldade com a meditação, a mente não se fixa por nada, o corpo dói, quando eu vejo estou mentalmente arrumando o quarto no Rio, planejando os livros que eu vou ler quando voltar, programando horários... nada desconectado com o Sadhana e os ensinamentos, mas ainda assim, ondas e ondas.

as aulas de ásanas andaram difíceis também nos últimos dias. de sexta pra sábado me bateu um cansaço terrível, o corpo todo dolorido, posturas que antes eu fazia com facilidade agora exigiam um esforço tremendo, não conseguia segurar as retenções de ar nos pranayamas... ontem à noite eu estava triste, tentando não contar pra ninguém e não deixar isso me dominar completamente. repetia para mim mesma que o sofrimento, o cansaço, tudo isso é uma ilusão, é a mente resistindo à mudança, à disciplina, são justamente os hábitos que eu vim aqui pra erradicar se agarrando e me puxando pra trás. minha mente xingava e esperneava, não queria ir, não queria fazer, não queria subir a ladeira, hoje de manhã quis faltar a aula de ásanas. mas meu coração não, meu coração queria estar em Deus, meu coração quer transbordar de bem-aventurança e cantava kirtans com sincera devoção.

ontem à noite eu chorei e rezei. eu não quero mais esse turbilhão de emoções que me impulsiona pra frente e depois me faz tombar, ou que me gruda na cama ou que me amarra a cara e não quer falar com ninguém. então eu rezei pra Deus se mostrar em mim. porque eu quero saber quem eu sou, eu quero conhecer a minha verdadeira natureza.

Yoga chitta-vritti-nirodha
Yoga é o controle das modificações da mente

hoje de manhã eu me obriguei a ir à aula. alguma coisa em mim se obrigou, porque minha mente não queria ir. ou foi aquele pedacinho hiper-responsável da minha mente, que me tenciona os ombros e não me deixa falhar na frente de ninguém. o Subra diz que eu sou perfeccionista e quero fazr tudo igual ao Swami Vishnu, minha colega de quarto diz que eu controlo muito e aí me perco. acho provável que estejam certos, mas não sei onde posso trabalhar isso. seja lá o que tiver me empurrado pra aula de ásanas, agradeço. acho que foi a melhor aula até hoje. saí muito cheia de prana, muito muito cheia de prana. o sorriso era gigantesco, o corpo pulsava inteiro feliz. tomei café/almocei e a energia continuava lá, bombando.

fui pro quarto lavar roupa. cheguei e minha roomie tinha colocado um varal, pendurado minhas camisetas... e deixado duas calças de molho e um tênis, que estava nojento, no balde. não tive dúvidas. liguei uma música animada no ipod, lavei minhas roupas, lavei as delas, depois ataquei o tênis. foi engraçado porque hoje de manhã o satsang fora justamente sobre os 4 caminhos do Yoga: Karma Yoga, Bakti Yoga, Raja Yoga e Jñana Yoga. Karma Yoga é o Yoga da ação que deve ser praticado por todo aspirante para purificar-se. e eu tinha ficado pensando "puxa, meu karma yoga é tão fácil..." eu queria um karma yoga um pouco mais... dinâmico, não sei, algo que me exigisse mais esforço e permitisse focar mais a mente. e me veio, aquelas roupas e aquele tênis encardido eram exatamente o que eu precisava.

o dia seguiu lindo.

no mais, estou com todos os resumos em dia (o que para muitos tem sido um grande desafio) graças ao tempo livre do karma yoga facinho. as conferências com a Kanti têm sido muito muito interessantes, é uma delícia enfiar a cabeça na filosofia do Vedanta. os satsangs têm sido lindos também, teve um dia que vimos um vídeo com imagens de Swami Sivananda, no outro dia vimos um sobre a obra de Swami Vishnu-Devananda que tem cenas hilárias de Swamiji. E o maaais hilário foi o dia em que Swami Gopalananda leu uns contos indianos muito engraçados e todo mundo (TODO mundo, a Kanti, o Swami Premananda, o Gopala...) se escancarou de rir, a começar pelo próprio Swami que ficava com a cara vermelha e quicava a cada gargalhada. e no outro dia tivemos uma apresentação de uma dançarina indiana, muito linda, e a Kumari, a filha liiinda de morrer do Subramanya, ficava querendo dançar também.

tivemos também uma caminada silensiosa ontem, e as vacas no pasto se aproximaram da estrada pra ver a gente passar e correram (correram! que nem cavalos!) um pedacinho ao nosso lado. tinha um bezerrinho no meio do rebanho que andava bem juntinho da mãe. me lembrei do conselho que a Kanti me deu num dia em que fui conversar com ela: frequentar sempre o centro, servir como staff por um período lá mesmo ou em outro como Montevideo, não faltar os satsangs, enfim, me manter por perto daqueles que sejam exemplo e incentivo até que eu tenha força para estabelecer meu Sadhana de forma disciplinada. eu me senti aquele bezerrinho e repeti pra mim mesma que vou andar junto com os fortes até que eu também seja forte como eles.

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